Garantir alimentos de qualidade para a população é atividade fundamental no dia a dia do profissional da engenharia agronômica. Mas em tempos de propagação de doenças, como a Covid-19, essa atribuição ganha ainda mais relevância. Esse é o tema do episódio nº 4 do podcast Conselho Profissional, uma produção do Sistema Confea/Crea que trata de assuntos que estão em alta no noticiário, nas discussões acadêmicas ou nas redes sociais.
Participam desta edição os engenheiros agrônomos Kleber Santos, presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), e Oscar Rosa, diretor do Departamento de Política Profissional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical).
Em entrevista à jornalista Daiane Cortes, eles falam do Decreto 10.282/2020, que regulamenta a Lei 13.979/2020 e define serviços públicos e atividades essenciais. Entre elas, a vigilância e a certificação sanitária e fitossanitária, o controle e erradicação de pragas dos vegetais e de doenças dos animais, e a vigilância agropecuária internacional. A partir da legislação, todos passam a ser serviços públicos indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Ou seja, a vigilância agropecuária é tida mais do nunca como atividade essencial para o país.
Alimentos de qualidade para todos
A questão da segurança alimentar foi o destaque da entrevista com o presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), entidade ligada ao Sistema Confea/Crea. Kleber Santos explicou que é atribuição do engenheiro agrônomo manter o abastecimento e garantir a qualidade dos alimentos para que todos tenham acesso, especialmente os segmentos mais vulneráveis. “A preocupação é com a disponibilidade de alimentos livres de contaminação. Por isso, nosso papel é ainda mais imprescindível neste momento”, afirmou, lembrando que os mais de 108 mil profissionais da engenharia agronômica registrados no Confea atuam na fiscalização, assistência técnica, pesquisa, ensino, em cooperativas e instituições públicas, nas organizações não-governamentais e em propriedades agropecuárias. “É um grande exército de profissionais qualificados e preparados para essa questão da segurança alimentar”, ressaltou o engenheiro agrônomo que já foi conselheiro no Confea e no Crea-DF.
Para ele, a lição que ficará após esta pandemia é a de que os engenheiros agrônomos merecem visibilidade. “Esse é um trabalho que a Confaeab desenvolve: divulgar o papel desse profissional inclusive para que eles tenham condições dignas de trabalho”, defendeu. Ainda sobre isso, o presidente da Confederação rechaçou a proposta do governo de diminuir o salário dos funcionários de carreira pública. “A Confaeab é contra qualquer redução de remuneração de servidores públicos. Primeiro porque é inconstitucional e também porque a atividade do servidor público é essencial para o bem-estar da população e para o meio ambiente”, argumentou, salientando que o servidor precisa, sim, ter plenas condições de exercício profissional para inclusive trabalhar pela recuperação da economia nacional.
Favorável à ampla disseminação de informações verídicas neste momento de combate à Covid-19, Kleber comentou que o site da Confaeab (confaeab.com) tem divulgado comunicados precisos e de qualidade. “Estamos trabalhando com campanhas voltadas para cadeias produtivas específicas, falando dos cuidados contra o Coronavírus, mas sabendo que é importante manter o processo produtivo”, informou o presidente que é mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente e especialista em Gestão do Agronegócio e Administração Rural, e atua como auditor fiscal federal agropecuário, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fiscalização garante saúde da população
O também engenheiro agrônomo e auditor fiscal federal agropecuário Oscar Rosa reforça a importância do trabalho dos profissionais da engenharia agronômica para assegurar saúde e segurança. “O abastecimento é fundamental não apenas por ser uma necessidade básica, mas porque a resistência orgânica ao vírus depende de estarmos bem alimentados”, alertou o especialista em fitossanidade e fitopatologia e diretor do Departamento de Política Profissional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical).
Manter o fornecimento de alimentos em quantidade e qualidade ideais para as pessoas, segundo Oscar, somente é possível porque os auditores do Ministério da Agricultura estão no front trabalhando. “Atuamos em portos, aeroportos, postos de fronteira e na fiscalização de estabelecimento, no registro de bebidas e na classificação de alimentos, garantindo a segurança alimentar. Certificação sanitária e fitossanitária é um documento que o engenheiro agrônomo e auditor fiscal federal agropecuário emite atestando que aqueles produtos vegetais atendem às exigências do país importador. Os profissionais também atuam na erradicação de pragas em vegetais e animais porque a produção tem que continuar existindo. Não há como dar uma pausa.”
Por isso, essas atividades não podem ser suspensas, na opinião do diretor da ANFFA Sindical. “Nós, engenheiros agrônomos, nos defrontamos com um desafio muito grande onde toda sociedade é chamada para ficar em isolamento social, para que se evite a dispersão do vírus, mas essas atividades essenciais não podem parar”, pontuou, elogiando o Decreto 10.282/2020. “Ele [o decreto] traz a público as atividades indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”, completou. Para manter o ofício em dia e preservar a integridade física dos funcionários, o sindicato exigiu do Ministério da Agricultura o pronto atendimento de equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas.
Ao falar da expectativa para os próximos meses, Oscar Rosa sinalizou que, apesar de saber que o pico de números de pessoas infectadas está por vir e que o número de desemprego no Brasil poderá chegar a 20%, ele disse acreditar que o setor agropecuário irá segurar o desempenho econômico nacional. “É uma questão complexa, mas vamos ter a agropecuária mais uma vez amenizando os problemas do nosso país”.
Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea