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Especialistas monitoram novo coronavírus em redes de esgoto

Campo Grande, 08 jul 2020 às 18:41

A ocorrência do novo coronavírus em redes de esgoto tem gerado dúvidas na população. Será que há possibilidade de transmissão da covid-19 por dejetos? Essa é a questão que um grupo multidisciplinar tem estudado em Minas Gerais. Entre eles, a eng. civ. Mária Fernanda Espinosa, que pauta o tema no doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No episódio nº 8 do podcast Conselho Profissional, a especialista equatoriana apresenta detalhes da pesquisa sobre o comportamento do vírus. O programa é uma produção do Confea dedicado a debater os assuntos mais importantes do momento.

Ouça o episódio!

Em entrevista à jornalista Daiane Cortes, a engenheira civil conta que o trabalho do grupo de pesquisadores tem a proposta de detectar e quantificar o Sars-CoV-2 em amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos das cidades de Belo Horizonte e Contagem. 

“Até o momento, o que se viu no esgoto foi a presença do RNA [ácido ribonucleico], que é uma parte da estrutura do vírus. Mas ainda não há confirmação de que o vírus permaneça infeccioso nas fezes e esgoto”, comenta. “Por enquanto, esse tipo de transmissão não foi confirmada porque demanda estudos complexos, que estão em andamento”, acrescenta Fernanda, ao defender esse tipo de investigação. “A pesquisa será importante para reforçar a necessidade de se avaliar as estações de tratamento e os efluentes, com foco nos vírus”. 

Segundo a engenheira, no Brasil somente 22% das estações de tratamento têm tecnologia de desinfecção capaz de inativar patógenos, como o uso de raio ultravioleta ou o método de lagoas de maturação com incidência de luz solar. Por isso, na avaliação da doutoranda, a ampliação de investimentos em infraestrutura de saneamento básico é necessária. “Onde não há esgoto tratado e água potável, há mais risco de contaminação e isso precisa ser considerado pelas autoridades”, alerta Fernanda. 

Estudo 
A pesquisa intitulada Monitoramento Covid Esgotos, à qual a engenheira civil Fernanda Espinosa se dedica, é uma iniciativa conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis – UFMG), em parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES). Periodicamente, o grupo de especialistas publica boletins com resultados parciais do estudo sobre o coronavírus. Confira esse monitoramento

Julianna Curado 
Equipe de Comunicação do Confea
Com informações da Agência Nacional de Águas