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Engenheira corumbaense, Carmen Portinho é declarada patrona do urbanismo no Brasil

Campo Grande, 19 dez 2022 às 17:12

Foi publicada no Diário Oficial da União de 16 de dezembro, a Lei 14.477/2022, que declara a engenheira e urbanista corumbaense Carmen Velasco Portinho (1903-2001) patrona do urbanismo no Brasil. A profissional da Engenharia teve sua trajetória reconhecida pelo Confea, em 1998, com a Láurea ao Mérito do Sistema.

Essa lei teve origem no PL 1.679/2022, projeto de lei apresentado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), sobrinho-neto de Carmen. O projeto foi aprovado pelo Senado em agosto, na forma do relatório da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

Além de marcar a história do urbanismo brasileiro, a engenheira dedicou-se, por muitos anos, à defesa do direito das mulheres ao voto, à proteção das mães e da infância, à educação das mulheres e à valorização do trabalho feminino fora da esfera doméstica. Ela também foi a primeira presidente da Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (Abea), fundada para incentivar mulheres formandas a ingressar no mercado de trabalho.

Após formar-se engenheira, Carmen ingressou no quadro técnico da Diretoria de Obras e Viação da prefeitura do Distrito Federal do Brasil. Por ser mulher, foi desacreditada e impelida a vistoriar um para-raios, instalado no alto de um edifício, no Rio de Janeiro, disse Carlos Portinho na justificativa do projeto.

“Ela mesma revelou: ‘Peguei uma escada, subi ao teto, vi o que o para-raios tinha e resolvi o problema. Foi uma maneira de enfrentar o preconceito. Difícil mesmo foi aprender como se consertava um para-raios”, relata o senador, que é sobrinho-neto de Carmen.

Em 1936, Carmen Portinho iniciou sua pós-graduação no curso de urbanismo e arquitetura da Universidade do Distrito Federal. Concluiu o curso em 1939, defendendo sua tese sobre o plano da futura capital do Brasil, obtendo então o título de urbanista.

Biografia
Carmen Portinho nasceu em Corumbá (MS), em 26 de janeiro de 1903, e formou-se em Engenharia Civil em 1925, na Escola Politécnica da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1939, tornou-se a primeira mulher a obter o título de urbanista no país.

Após formar-se engenheira, Carmen ingressou no quadro técnico da Diretoria de Obras e Viação da Prefeitura do então Distrito Federal. Na justificativa de seu projeto, Carlos Portinho afirma que, por ser mulher, Carmen foi inicialmente desacreditada como profissional.

Em 1936, Carmen iniciou sua pós-graduação no curso de urbanismo e arquitetura da Universidade do Distrito Federal. Concluiu o curso em 1939, defendendo uma tese sobre o plano da futura capital do Brasil.

Ela também foi uma das fundadoras da Revista da Diretoria de Engenharia (posteriormente, Revista Municipal de Engenharia), cuja primeira edição foi publicada em julho de 1932. Carmen Portinho faleceu no dia 25 de julho de 2001, aos 98 anos, no Rio de Janeiro.

Habitação

Em 1945, Carmen recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para estagiar nas comissões de reurbanização das cidades inglesas destruídas pela guerra. Após voltar ao Brasil, sugeriu ao então prefeito do Rio de Janeiro a criação de um departamento de habitação popular para sanar a falta de moradias populares no município.

Assim, em 1946, foi criado o Departamento de Habitação Popular da Secretaria de Viação e Obras Públicas da Prefeitura do Distrito Federal, órgão do qual Carmen foi nomeada diretora.

Um exemplo de seu trabalho, enquanto diretora do departamento, foi a construção do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, no bairro de São Cristóvão, cujo projeto arquitetônico ficou sob responsabilidade de seu marido, Afonso Eduardo Reidy. Erguido em 1951, o edifício foi elogiado pelos renomados arquitetos Max Bill, em 1953, e Le Corbusier, durante sua passagem pelo Brasil, em 1962.

Em 1966, a urbanista foi convidada pelo então governador, Negrão de Lima, para ser diretora da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), a primeira escola de desenho industrial da América Latina. Por duas décadas, Carmen Portinho dirigiu a escola. Posteriormente, a Esdi foi incorporada à Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde a profissional trabalhou até os 96 anos de idade.

Carmen Portinho faleceu no dia 25 de julho de 2001, aos 98 anos, na cidade do Rio de Janeiro.

O senador afirma ainda que a proposta é decorrente da importância da profissional para a história do urbanismo brasileiro e de sua dedicação na defesa de temas caros ao movimento feminista. O projeto aguarda parecer do relator na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (C

Agência Senado
Com adaptações da equipe de Comunicação do Confea e do Crea-MS
Foto: Arquivo Nacional