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Engenharia perde Carlos Liberato Portugal

Campo Grande, 08 jun 2023 às 12:59

Faleceu na madrugada desta quinta-feira, 8 de junho, em Campo Grande, aos 76 anos e vítima de insuficência cardiorrespiratória, o engenheiro civil Carlos Liberato Portugal. Nascido em São Paulo, em 1947, formou-se pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1970.

O velório e o sepultamento serão nesta quinta , no cemitério Parque das Primavera (próximo ao Lago do Amor, em Campo Grande), a partir das 9h e o sepultamento às 16h.

Referência no Estado na área de projetos, Portugal foi professor da Universidade Federal (UFMS), presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Campo Grande (AEACG), fundador do Instituto de Engenharia de Mato Grosso do Sul (IEMS), além de conselheiro do Crea-MS.

Em 2019, o engenheiro foi homenageado com a mais alta honraria do Sistema Confea/Crea e Mútua, a Medalha do Méirto, ocasião em que a equipe de comunicação do Crea-MS esteve com ele e gravou o vídeo abaixo.

Conciliar a universidade com as atividades de seu escritório de Engenharia foi uma rotina exercitada por quase cinco décadas. Primeiro, ao lado do sócio Euclydes de Oliveira, ex-presidente do Crea-MS, instituição pela qual também batalhou, tornando-se conselheiro logo no começo das atividades do Regional.

“Ele era bem mais velho e me integrou na parte de projetos de cálculo”. Com a mesma emoção com que relembra o amigo e a luta pela fundação do Crea-MS, o engenheiro civil Carlos Liberato Portugal comenta a importância do professor da Poli-USP, Breno Fabiani. “Estagiei com ele na Companhia de Construtores Associados. Ele lecionava a matéria que vim a dar, Construção de Edifícios”.

A maior alegria, diz, era mostrar o porquê da execução de obras. “Sempre que possível, levava os alunos para visitar as obras porque isso trazia muita coisa nova”. Tanta dedicação levou ao reconhecimento dos alunos, sendo duas vezes nome de turma, três vezes paraninfo e mais de 20 vezes homenageado especial. Outro momento marcante foi a criação do Instituto de Engenharia do Mato Grosso do Sul – IEMS, do qual foi seu primeiro presidente, em 2001. “Foi uma coisa muito interessante, pude lidar com os profissionais da área”.


Seu escritório se tornou uma das principais referências do estado, nos setores público e privado. Entre centenas de obras, projetos estruturais de pontes e viadutos em concreto armado e protendido, incluindo pontes no Pantanal sul-mato-grossense e até no vizinho Mato Grosso. Projetos de fundações de silos, bases de máquinas, bases para usinas termoelétricas; mais de 500 quilômetros de linhas de alta tensão; mais de 60 mil unidades habitacionais, desde 1974. Projetos estruturais de centenas de escritórios, apartamentos e edifícios comerciais; projeto estrutural da Santa Casa de Misericórdia, em 1980, e do Palácio Popular da Cultura, em 1979. “Essa foi uma obra mais emblemática, com uma estrutura com vãos entre pilares de 20 metros em uma direção e 15 metros em outra direção, 300 metros quadrados por pilar e um mezanino de 250 metros quadrados, com estrutura em balanço de mais de 10 metros”, comenta. 

Carlos Liberato Portugal destaca que a área de projeto pode trazer economia e eficiência à obra. “Nenhuma das nossas obras tem problemas estruturais. Naquela época, não era feita concorrência pública para projetos, algo que está atrapalhando demais, porque a qualidade dos projetos é muito ruim. O processo de contratação quer saber de atestados, e atestados temos até de viagem à Lua”. Para ele, então, é preciso rever a Lei nº 8.666/93. “Na época que o órgão podia contratar, tinha o preço padrão e se escolhia quem tinha condições de fazer projetos. Eu fazia questão de ver e resolver os problemas que surgiam. O contrato era por mil metros de ponte. Terminava, fazia mais mil. Não era individualizado”.

Trajetória Profissional

Professor adjunto do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul  – UEMS/ Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS (1972-2003); Sócio-fundador da Estilo – Construções e Comércio Ltda. (1973-1979); Sócio- fundador da Escritório Técnico Euclydes de Oliveira Ltda – atual Etelo – Engenharia de Estruturas Ltda. (1974-atual); Membro da Comissão de Avaliação de Imóveis da Prefeitura Municipal de Campo Grande (1976-1981);  Na Associação dos Engenheiros de Campo Grande, diretor-tesoureiro, vice-presidente e presidente (1978-1983); Consultor para pontes de concreto do Departamento de Estradas de Rodagens do Mato Grosso do Sul – Dersul e Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos do Mato Grosso do Sul – Agesul (1978-2016); Membro da equipe que viabilizou a criação do Crea-MS e conselheiro suplente (1980); Projeto estrutural do Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camilo (1981); Projetos de 33 pontes de vazantes na BR 262, Região do Pantanal – MS (1984); Membro da Comissão de Julgamento dos Projetos para a Estação Rodoviária de Campo Grande (1986); Membro da Comissão de Julgamento dos Projetos da sede da Unimed em Campo Grande (1995); Consultor da área de estruturas de concreto na obra da Ferrovia Norte Brasil – Ferronorte (1996); Professor adjunto do Curso de Arquitetura da UFMS (2000-2003); Fundador e primeiro presidente do Instituto de Engenharia de Mato Grosso do Sul – IEMS (2001-2002); Professor voluntário dos cursos de Engenharia e de Arquitetura da UFMS (2004-2011); Projeto da ponte sobre o Rio Teles Pires com 350 m de extensão (2006); Professor em cursos de especialização da Universidade Anhanguera – Uniderp (2010); Consultor para pré-moldados em concreto armado da Sotef Ltda.

Comunicação Crea-MS, com informações do Confea