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Artigo: Inverno e os grandes vilões do consumo de energia elétrica

Campo Grande, 27 jul 2021 às 17:23

 Em nossa região a atividade climática nestes tempos de inverno seco e frio motivam na população a procura por aquecimento térmico e, a consequente utilização de energia elétrica segue uma tendência de aumento de consumo. Isso porque equipamentos de aquecimento, considerados grandes vilões do consumo de energia elétrica, são utilizados por um tempo maior durante o dia e, em potência máxima. Um chuveiro elétrico comum que funcione na posição verão (2240 Watts) ao ser alterado para a posição inverno (5500 Watts) aumenta a potência em até 145% e o reflexo disso será direto na fatura mensal de energia elétrica.

O banho diário de 15 minutos em condição usual do chuveiro, hoje representa para a modalidade tarifária convencional em baixa tensão B1, residencial, o valor sem imposto de R$0,388444 que pode parecer pouco, mas para uma residência de tamanho médio com cinco pessoas mensalmente seria o valor de R$ 58,27 e, que com o chuveiro na posição inverno teria um aumento de até 146% no valor do banho quente e passaria a custar até R$143,06 (sem impostos).

Estamos falando em apenas um equipamento geralmente utilizado para aquecimento residencial, quando nos referimos aos aquecedores de ambiente, então a situação se altera ainda mais. Um equipamento barato e fácil de se encontrar no mercado é o aquecedor de ambiente, um desses que funcione na potência de 1500 Watts, 8 horas/dia durante o mês pode chegar a representar o valor de R$ 249,714 na sua conta de energia elétrica, praticamente mais do que o dobro do valor do equipamento novo. Outros equipamentos como torneiras elétricas (5500 Watts) e também o aquecedor ebulidor de água (1000 Watts), popularmente conhecido como “rabo quente” são facilmente encontrados no mercado e ajudam a minimizar o frio, porém podem ajudar a formar um aumento no valor da sua fatura de energia elétrica.

A preocupação com a segurança nestes tempos também não pode ser deixada de lado. “Geralmente a pessoa vai à loja compra o aparelho e ao chegar em casa se dá conta que não possui a tomada apropriada para a ligação e começam a aparecer as gambiarras”. No ambiente doméstico um risco que pode provocar choque elétrico, incêndio e até mortes é uma conexão elétrica, a fragilidade que um fio muito antigo onde seu isolante ou a “capa isolante” perde suas características de rigidez dielétrica (isolamento) devido a vida útil ou ao utilizar uma tomada (10 A ou 20 A) que seja incompatível para o equipamento.

As verificações nas instalações elétricas além de prevenir acidentes, que podem custar uma vida humana ou de algum animal, traz alguns itens importantes para a conservação de energia elétrica pois, fios em condições de isolação precárias, itens mecânicos corroídos, ou conexões elétricas frouxas, por exemplo podem causar sobreaquecimento naquele ponto significando perda.

Cabe ao usuário do sistema elétrico doméstico ou industrial sempre promover  a devida manutenção preditiva (baseada em dados de sensores ou estudos prévios), a manutenção preventiva (com base no tempo ou no uso ) e a manutenção corretiva depois de ocorrido um problema e sempre é bom lembrar que ao trocar um simples chuveiro ou qualquer equipamento elétrico durante uma manutenção da instalação elétrica é necessário que o profissional seja qualificado, advertido ou capacitado conforme a subseção 8.2 da norma NBR 5410 das instalações elétricas de baixa tensão.

Como medidas para economia de energia elétrica podemos defender como engenheiros e técnicos trabalhar com reduções sem fugir dos limites estabelecidos nas recomendações e normas técnicas que visem a segurança das pessoas, a qualidade dos serviços e a confiabilidade dos equipamentos atuando no que chamamos de Custo-Benefício com responsabilidade e sustentabilidade. A segurança pode ser conseguida em uma instalação elétrica com um projeto bem elaborado e com eficiência energética.

Objetivar economia (eficiência energética) é para quem tem a preocupação em reduzir ao máximo o consumo de energia elétrica fazendo sempre o mais com menos. Uma busca constante e uma ótima opção é utilizar equipamentos com baixa manutenção e o seguinte:

– A adoção de soluções e equipamentos mais eficientes, aqueles da categoria “A” do selo Inmetro que varia de A até G;

– Reduzir o Tempo dos banhos diários, abrir o chuveiro somente pelo período essencial para o asseio;

– Investir em energia renovável para aquecimento com o uso de placas solares para aquecimento de água e armazenamento em boiler;

– Manter o ambiente que está sendo aquecido com as portas e janelas fechadas e reduzir o tempo de utilização;

A economia de energia elétrica significa evitar gastos desnecessários e excessivos, para tanto é preciso entender o quanto se consome de energia (em kWh) em cada aparelho eletro-eletrônico, recorrendo ao mercado que nos oferece aparelhos novos e que economizam energia e abatem o custo do investimento de aquisição. O Ar condicionado, Televisor, Ferro elétrico, Máquina de lavar, forno elétrico, Lâmpadas e iluminação também devem ter seu uso moderado e adaptado a cultura da economia de energia elétrica que é bom para a economia financeira e para o meio ambiente ,uma vez que a fonte sustentável representa aproximadamente 75% de nossa matriz de geração de energia, dependentes da água, sol e vento.

Marcos Antonio Leite das Virgens
Engenheiro eletricista; Presidente da ABEE/MS – Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas seção MS e Conselheiro suplente do Crea-MS