Ada Maria Pereira Tincani Lima é engenheira civil. Formou-se pela Faculdade de Engenharia de Bauru, da Unesp. Em 1984, já casada, deixaria o interior de São Paulo para viver em Campo Grande; não sabia, mas seria o lugar que marcaria para sempre sua carreira e, certamente, sua vida.
Em Campo Grande, em início de carreira, a engenheira aceitou um cargo simples e com uma baixa remuneração para logo em seguida ocupar destaque, primeiro numa importante função pública e logo em seguida, em 1998, como gerente regional da Plaenge, onde participa de altas decisões estratégicas e lidera uma equipe de quase dois mil funcionários.
Como gerente regional da empresa em Campo Grande, Ada, aos 57 anos, pode continuar a praticar o que desde a época da faculdade insistia em fazer: ser destaque na carreira e na vida.
Como foi sua escolha pela Engenharia Civil?
Ada Lima – Eu optei fazer Engenharia porque gostava muito da área de exatas, desde criança era muito boa em matemática, física. Meu pai sempre me incentivou, ele até queria que eu fizesse Agronomia, mas optei por Engenharia Civil porque achava que tinha mais ligação comigo e que me ofereceria a mais oportunidades.
Engenharia Civil é sim uma profissão masculina até hoje. Na minha turma eram 60 alunos sendo quatro mulheres. Realmente é um curso muito difícil, bem voltado para a área de exatas, mas eu gostava muito, estudava muito também.
Como avalia a participação da mulher no mercado da Engenharia?
AL – Hoje a mulher tem muito mais espaço na Engenharia, principalmente na Engenharia Civil. A Plaenge é um exemplo disso, que tem várias mulheres trabalhando em obras e no próprio escritório. Hoje a gente percebe uma porcentagem muito maior de mulheres se formando e no mercado de trabalho, mas na minha época era uma atividade muito mais masculina.
A srª sempre teve muitas ocupações. E a mulher, claro, tem a família, a casa, enfim, várias atividades que exigem sua dedicação. Como foi a sua trajetória nesse sentido? Como é possível ser esposa, mãe e profissional de sucesso? Qual o segredo?
AL – Sim, eu sempre tive muita ocupação; sempre fui muito focada na carreira, por isso cheguei onde cheguei, mas eu não deixei de ser mãe. Amamentei todos os meus filhos, sempre cuidei da minha casa. O meu maior segredo foi ter uma pessoa ao meu lado que me acompanhou e me ajudou. Eu sempre tive o meu marido que ia buscar e levar as crianças à escola, organizava as refeições, contamos também com uma funcionária em casa, mas se não fosse o meu marido ao meu lado, não teria chegado onde eu cheguei.
Como a srª avalia o movimento da busca pelo empoderamento, valorização e igualdade da mulher?
AL – Eu entendo que a gente merece sim igualdade, mas qualquer pessoa para crescer, chegar lá na frente, ela tem que se dedicar, seja homem, seja mulher, tem que estudar muito. Tem que assumir responsabilidades e com muita dedicação e estudo pode se conseguir uma boa colocação. Eu entendo que para as mulheres é sim mais difícil, mas que não precisa, por exemplo, ser escolhida para um cargo por ser mulher ou homem, mas sim pela capacidade de cada um. Tem que ser o ou a melhor naquilo que faz.