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Abertura da 79ª Soea aborda futurismo e inovação

Campo Grande, 08 out 2024 às 14:59

“Um dia vocês comerão comidas extremamente saudáveis e, utilizando uma tecnologia de substituição sensorial, poderão escolher o sabor exato que desejam sentir nesta comida. Neste dia, vocês lembrarão de mim”. Com a provocação, o brasileiro internacionalmente conhecido como expert em futuros, Tiago Mattos, instigou a plateia a refletir sobre as possibilidades para as engenharias, agronomia e geociências, na palestra magna que marcou a abertura da 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), que está sendo realizada em Salvador (BA). O palestrante, que participa de um seleto grupo de cientistas dedicados ao futurismo, ciência dedicada a pensar os futuros por meio de estudos e utilização de tecnologias de compilação e análise de dados, apresentou exemplos práticos de inovações nas áreas afins ao Sistema Confea/Crea e como os profissionais dessas áreas podem ser futuristas.

“Estamos em 2024, mas em diversas áreas ainda temos mentalidade em 1974. Como podemos viver, de fato, com o mindset condizente à nossa época? Por meio da aplicação da Lei dos Futuros, que possui três premissas básicas, com certeza seremos pessoas vivendo à frente de nosso tempo”. O estudioso elencou as seguintes premissas:

1 – Um futuro imaginado não pode ser desimaginado
Amparado em Albert Einstein, o palestrante deu exemplo de uma tecnologia futura em que as roupas terão tamanhos adaptáveis de acordo com cada corpo. “Depois que imaginamos, não dá mais para imaginarmos corpos que precisam se adaptar ao tamanho das roupas ao invés de roupas que se adaptam aos corpos”, ponderou.

2 – Uma vez que o futuro é imaginado, ele muda o seu presente
“É muito fácil entender que o passado constrói o presente, mas é muito difícil entender que o futuro muda o presente”. Um exemplo simples do cotidiano, que foi utilizado pelo palestrante, é quando pegamos o guarda-chuvas antes de sair de casa para nos prepararmos para a chuva que acreditamos que está por vir. Neste mesmo sentido, mas em maior escala, a empresa Cover, que produz casas em uma semana, moldou seu presente para o futuro que estava por vir. “Para fazer a empresa, eles precisaram repensar a engenharia civil, mudando os buildings blocks de suas casas, inovando completamente na construção civil. E a revolução que eu acho mais incrível da Cover é que não são casas para pessoas ricas, mas moradias de habitação popular. Já a Primeval Foods faz carnes em laboratório com gostos exóticos. Como a agronomia pode moldar seu presente para esse futuro que está por vir?”

3 – Portanto, quanto mais você imagina, mais você se corrige no tempo
“A maioria das pessoas não coloca a imaginação como hábito, assim como academia, uma alimentação saudável. Para a gente ser presentista, precisamos ser futuristas. Senão, não vamos entender 2024”, afirma Tiago Mattos. O palestrante trouxe cases importantes como a Perso, projeto da L’Oreal, que permite customizar cosméticos em tempo real, e trouxe a seguinte observação: “Exemplos que eu trouxe aqui não são o futuro, são o presente e a nossa percepção das coisas agora começa a partir desse novo protótipo”, disse. “Desde modo, esta lei retrata a capacidade de imaginar e visualizar possibilidades futuras, influencia nossa capacidade de aprender e corrigir erros ao longo da jornada. Quanto mais se imagina, mais se tem repertório de futuro”, acrescentou.

Ao finalizar a palestra, Tiago Mattos apresentou a 4ª Lei do Futuro: “Ajudar a sociedade a se corrigir no tempo é um grande legado”. Nesse contexto, ele compartilhou sua conexão com o Rio Grande do Sul após as enchentes que afetaram a região. Mobilizando-se para fazer a diferença na comunidade local, ele criou um extenso “mapa de futuros”, a fim de abordar três desafios que o estado ainda está enfrentando: prevenção de enchentes, reconstrução de casas e reconstrução da indústria agro. Foram elaborados mil cenários futuros para essas questões.
 

Tiago concluiu sua palestra ressaltando que os analfabetos do século XXI não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas sim aqueles que não souberem aprender, desaprender e reaprender. Isso nos remete à essência do aprendizado. “Aprender é aprender, aprender é não prender, não prender é abrir mão do jeito que fazíamos ontem para aprendermos um novo jeito para fazermos amanhã”, finalizou.

Empreendedor, Tiago Mattos já esteve no time de cofundação de diversas iniciativas da nova economia, como laboratórios de big datacoworkings e aceleradoras. Como autor, teve seu livro figurando nas listas dos mais vendidos já na primeira semana. Suas apresentações já foram vistas em cinco continentes e, em 2018, foi convidado para compartilhar suas ideias na ONU, em Genebra.

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Reportagem: Anna Jescika Araújo (Crea-PI) e Érika Reis (Crea-GO)
Edição: Julianna Curado (Confea) Revisão: Lidiane Barbosa (Confea)
Equipe de Comunicação da 79ª Soea
Fotos: Cacto Comunicação/Confea